Ai daqueles que brincam com a esperança de um povo!

Ai daqueles que se banqueteiam junto a fome de seus irmãos!

Ai daqueles que são fúteis numa hora grave, indiferentes num momento definitivo!

Ai daqueles que corrompem para tirar proveito da corrupção, que envenenam o mundo pela volúpia de caminhar impunimente entre ruinas!

Ai daqueles que fazem da mentira a verdade de suas vidas!

Ai daqueles que usam os simples como degraus de sua vaidade e instrumentos de sua ambição!

Ai daqueles que fabricam com a violência a trama do medo!

Ai daqueles que roubam ao próximo à alegria de existir!

Ai daqueles que usam dinheiro e o poder para prostituir, humilhar e deformar!

Ai daqueles que se atordoam para fugir das próprias responsabilidades!

Ai daqueles que traficam a terra de seus mortos, enxovalham tradições e traem compromissos com o presente e com o futuro!

Ai daqueles que se fazem de fracos no instante da tempestade!

Ai daqueles que se acomodam a tudo, que se resignam a tudo, que se entregam sem lutar!

Ai daqueles que loteiam seus corações, alugam suas consciências, transacionam com a honra, especulam com o bem, açambarcam a felicidade alheia e erguem virtudes falsas sobre pântanos!
Ai daqueles que concordam em morrer vivos!