Era um frio entardecer de inverno,
Antevéspera de mais um Nove de Julho,
Antevéspera de mais um aniversário
Da grande Epopeia Bandeirante de 32,
Quando fui informado de que já não batia
O coração bandeirante do último grande poeta de São Paulo,
De que já não vivia o Príncipe dos Poetas Brasileiros,
De que estava morto o bardo Paulo Bomfim.
Era um 7 de julho.
Era um 7 de julho em todos os calendários.
Estava morto o grande vate bandeirante
Numa Pauliceia que já não era a mesma
Que o vira nascer
Em tempos que não vivi
Mas de que tenho muitas saudades,
Numa Pauliceia que não conheci senão em sonho,
Mas que vive e viverá sempre
Dentro da minha alma.
Eis que a brisa da saudade me leva agora,
Por alguns instantes,
A um São Paulo d’outrora,
Ao São Paulo do menino Paulo Bomfim.
São Paulo era a “Rosa da Imigração”
E a cidade que mais crescia no Mundo.
São Paulo era a Cidade Bandeirante
Em que até os filhos de italianos e sírios
Descendiam dos bandeirantes.
São Paulo era a Terra da Garoa
E o cocar de belos arranha-céus
Sobre a verde cabeleira dos cafezais
E sob os alvos algodoais
Da névoa que nevava.
São Paulo era a pequena-grande cidade
Que viveu as jornadas heroicas
Dos idos de 1932.
Paulo, eis que teu corpo irá descer à sepultura
E adubará a mesma Terra Paulista
Que guarda os restos mortais
De nossos ancestrais bandeirantes,
Navegantes heroicos dos verdes mares do Sertão,
Bravos argonautas das nossas grandes Epopeias,
Nobres dilatadores da Fé e do Império
E semeadores de vilas e cidades,
Ilhas de Civilização Lusíada e Brasílica
No vasto oceano dos Sertões desertos.
Paulo, eis que tua alma,
Se Deus assim o quiser,
Subirá aos Céus
E viverá eternamente
Na Pátria Sidérea,
Enquanto cá embaixo,
Na Terra Bandeirante que tanto amaste e engrandeceste,
Teu nome viverá sempre na tua imortal Poesia
E nos teus exemplos de indômita bravura
Em defesa da nossa História,
Da nossa Memória
E da nossa Tradição.
Saúdo-te, Paulo,
Saúdo-te, Poeta de São Paulo,
Emérito Poeta de São Paulo,
Emérito Poeta da Emérita Cidade de São Paulo,
Amor e comoção de tua vida!
Saúdo-te, caminheiro das veredas da Poesia,
Saúdo-te, Cantor da Saudade e da Esperança!
Saúdo-te, Cantor do Passado em ti Presente,
Saúdo-te, Poeta-Símbolo de São Paulo,
Da Emérita, Insólita e Arlequinal Cidade de São Paulo!
Saúdo-te, Paulo,
Saúdo-te, grande bandeirante do espírito,
Sempre fiel às raízes,
Saúdo-te, encarnação viva da nossa Terra Bandeirante,
Saúdo-te, poeta, vate imortal
De “Transfiguração” e de “Armorial”!
Saúdo-te, barão assinalado do Planalto de Piratininga,
Saúdo-te, meu irmão em São Paulo,
Em Guilherme de Almeida
E em Heraldo Barbuy!
Saúdo-te, nobre e excelso Cantor da Terra Bandeirante
E de suas grandes Epopeias,
Saúdo-te audaz bandeirante dos mares e sertões da Poesia,
Saúdo-te, caçador de esmeraldas de sonhos
E descobridor de Eldorados de beleza!
Saúdo-te, primeiro poeta que conheci,
Na bela e antiga Itanhaém
De Anchieta, de Benedito Calixto e também tua,
Na Idade de Ouro perdida
Da minha vida,
E que, cantando a Terra Paulista
E os seus heróis bandeirantes
E soldados de 32, te fizeste um dos poetas maiores
Da Terra de Santa Cruz,
Do Império da Língua Portuguesa,
Do Mundo Lusíada e de todo o Orbe Terreste!
Saúdo-te, enfim, caro Mestre Bandeirante,
Poeta da nossa Terra e dos nossos antepassados,
Cujos cantares em prosa e verso viverão em minh’alma,
E dou-te o meu “adeus” e o meu muito obrigado!
Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Santo Amaro, São Paulo, 08 de julho de 2019.