A data 07 de julho de 2019 foi festejada no céu porque surgia uma nova estrela no engaste azul do firmamento. Paulo Lébeis Bomfim, nosso querido amigo, fechou os olhos para esta vida para tornar-se um facho de letras brilhantes junto a Deus Pai.
Como teria sido a sua chegada à eterna morada? E quem estaria à porta para recebê-lo?
Ah, com certeza Guilherme de Almeida, antecessor do título de Príncipe dos Poetas Brasileiros, e velho amigo desde a sua mocidade.
Naquele dia, Lucia, que no céu passou a servir as refeições aos amigos que frequentavam a casa do bardo paulista, da cozinha, viu que alguém havia chegado e, pasma, antevendo este esperado encontro, correu para os seus braços em meio aos prantos, cheia de saudade.
Por um instante, todos à mesa pensavam: quem será desta vez? Esperaram um pouco e logo ouviram Lucia, trêmula, a contar:
- É o poeta Paulo Bomfim que já estava demorando em aqui chegar, e agora está na entrada abraçando o Dr. Simeão, seu pai, mas já vai entrar!
Quando Paulo entrou e aproximou-se da grande mesa, emocionado, logo encontrou sua mãe, Da. Maria de Lourdes, beijando-a ardorosamente e já avistando em seguida seus avós, Sebastião e Zilota, que vinham de braços abertos em sua direção dizendo que já estavam preocupados com sua demora. Na sequência de reencontros, Emy e Raul Paulo, comovidos, enchiam seu rosto de beijos e afagos, enquanto seus tios o recebiam com palmas e sorrisos.
Muito emocionadas, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, amigas de velhos calendários paulistanos, correram em sua direção exclamando o quanto eles teriam que conversar para por os assuntos em dia.
Também o acolhiam, efusivos, Menotti del Picchia e Mario de Andrade, enquanto outros amigos o cercavam, entre eles Ibrahim Nobre e René Thiollier, defensores ferrenhos da luta por uma Constituição em 1932.
Quando soube de sua chegada, Guiomar Novaes saiu ligeira do piano, onde dedilhava Beethoven, para receber seu velho amigo dos concorridos saraus da casa da Rua Rego Freitas 59. Em meio a tanta emoção e lágrimas, alguns amigos se aproximavam relembrando das memoráveis noitadas do Clubinho dos Artistas, onde havia poucas mesas para muito assunto, e das andanças pelo Largo do Arouche.
Do outro lado da mesa, seus primos da Fazenda Himalaia e alguns confrades da Academia Paulista de Letras lhe acenavam com as mãos.
Estavam todos felizes com a sua chegada, alguns chorosos pelo derradeiro encontro e outros saudosos pelo longo tempo que os distanciou.
Naquela noite, as estrelas brilhavam com mais intensidade. O céu estava em festa com a sua chegada e, na terra, ficava a esperança pelo dia de nosso infinito encontro.
Pedro Paulo Penna Trindade - (07-08-2019)