Esguio como um triste na madrugada,
Cheio de inverno nos pensamentos,
Antônio existia na Avenida
Despida de árvores,
Alegre, às vezes, com fios e postes
Nos fins da passarada.
Sozinho, como os retalhos de um cigarro
Em noites de balão aceso,
Antônio, protegido pelo firmamento
Com sua neblina,
Lembrava-me um banco que
Se vê na praça multicor:
Não veio donde se sabe
Não vai aonde se sabe.
Era Antônio,
Era Triste.
Assim viu Paulo.
Assim contou o Poeta.
Quando as trevas devoravam a cidade
E as luzes choravam e cantavam,
Antônio Triste bailava e rodava
À luz de um cigarro deserto e molhado
Pelas trevas cansadas e apagadas.
Mas, certa noite, um balão de São João
Viu um varredor de rua,
Tanto lixo no chão,
Quase trapo muito amontoado.
Um resto do triste balão de retalhos.
A mecha num canto da boca,
Antônio, o triste cigarro se apagara.
Teve Bomfim!
(Poema de Hélcio de Abreu Dallari Júnior em homenagem ao Poeta Paulo Bomfim, um verdadeiro amigo "Semfim", baseada em sua célebre poesia ANTÔNIO TRISTE)