Momentos tristes vive esta cidade.
Deixa-se levar pelas velas rotas
Arrastadas pelos sais de suas lágrimas
Que escorrem pela face à conta-gotas.
Seu poeta maior fez-se lembrança viva
Pelas quilhas mergulhadas na noite
Que se abre sobre nós... vigorosa
Qual um deserto imantado de açoites.
Pois, seus versos são de outra dimensão.
Lúdicos pergaminhos que vão além.
Polinizador dos jardins do Pégaso,
E liras de encantamento, também.
Um poeta que nasceu predestinado,
A todos encantando – de verdade –
Tal qual belo trinado matinal,
Agora é luz no leito da saudade.
É augusta luz permeando o firmamento.
Mas, sua presença permanece aqui
Com seus versos marcados em negrito...
Vivos quais as cores de um colibri.
Hoje, seu corpo jaz no mesmo túmulo
Daquela São Paulo-criança de outrora,
Por onde, passos educados iam
Caminhando sem medo, noite afora.
Onde, o silêncio das manhãs colhia
Doces trinados de uma fauna alada
Semeando vida e cores matinais,
E harmonizando a alegria da criançada.
Lampiões de gás clareando serenatas
Cantadas sob o luar inspirador
Daqueles tempos cheios de saudade
E menestréis iluminando o amor.
São Paulo, para sempre, há de lembrar
Seu enorme legado de amor por ela:
Versos cantando a magia da metrópole
Onde nasceu, cresceu, e morreu por ela.
Adeus nosso Poeta, Paulo Bomfim.
Adeus Poeta - menino caminheiro -
Que teceu seus tecidos de lembranças,
Colecionando minutos. Luzeiro!!
Você que foi mestre, amigo e irmão,
Também foi cedro crescido nos veios
Desta sua metrópole bandeirante...
Ornada de poesias, sonhos e anseios.