Foi a soma dos sonhos e do sacrifício de um povo, a confraternização de raças e condições sociais no batismo das trincheiras; o esforço das indústrias, o despreendimento do comércio, a grandeza de uma causa, a generosidade dos moços, a participação dos cabelos brancos, o entusiasmo das crianças, a força que vem da mulher-terra paulista, o verbo dos poetas e dos tribunos, dos jornalistas e dos sacerdotes; a sacralidade da lei, o fuzil ao lado do livro, a trincheira continuação da escola, a caserna dependência do lar, o campo de batalha, sementeira de justiça!
O que foi 32?
Foi bandeira que voltou do passado, passado que se transformou em bandeira, bênção de Anchieta e de Frei Galvão, vigília de João Ramalho, grito de guerra de Tibiriçá, inspiração de Bartira, presença dos que partiram, convocação do amanhã, cocar-capacete de aço, gibão que virou farda cáqui, canoa monçoeira transformada em trem blindado, mortos e vivos marchando, igreja, escola, oficina em batalhões rezando a mesma oração, prece de amor e esperança, holocausto e clarinada, asa de glória gravando no sangue das gerações:
POEMA - VOLUNTÁRIO PAULISTA (Paulo Bomfim)
Em Cunha deixei meus olhos,
O rosto de minha noiva!
Em Buri ficaram as mãos,
A carícia decepada!
Em Eleutério meus lábios,
O riso da mocidade!
Em Sapecado, meus pés,
Os caminhos sem retorno!
Em Vila Queimada a chama
Do soriho dos 20 anos!
Em Cruzeiro o corpo em cruz
Aguarda a ressurreição!
No Rio das Almas sou alma,
A bênção de minha mãe!
Do túnel renascerei,
O voluntário paulista!
Enquanto houver injustiça,
Enquanto houver sofrimento,
Enquanto a terra chorar,
Enquanto houver pensamento,
Enquanto a história falar,
Enquanto existir beleza,
Enquanto florir paixão,
Enquanto o sonho for sonho,
Enquanto o sangue for sangue,
Enquanto existir saudade,
Enquanto houver esperança,
Enquanto os mortos velarem,
- É sempre 9 de julho!