O importante é saber que a ilha existe, que pode estar encrustada como uma pedra verde no horizonte, ou simplesmente florindo simplicidade na alma da noite.

Ela acontece nos mares mais imprevisíveis, nos momentos mais estranhos, nos caminhos mais absurdos. Pode ser feita de sonho e de realidade, ter mansidões de praia, ou aconchegos de abrigo.

Afinal de contas, sempre representa o último pouso dos albatrozes, a derradeira meta dos náufragos, o fim da viagem dos corsários que assaltam o cotidiano com punhais de delírio nos lábios sem sorriso.

Alguém poderia defini-la como um pouco de afeto rodeado de solidão por todos os lados, outros apenas diriam que se trata de um contorno de coisas impossíveis, flutuando em um mar vazio.

No entanto, algo me diz que em algum ponto do infinito acaba de emergir um grito de coral povoado de sereias e de significados mágicos.

Algo me fala numa linguagem de brisa e canta em meus sentidos cantigas morenas que a tarde embala em redes de sol posto.

E todas as fugas, e todas as procuras aportam em angras secretas, e todos os roteiros amarelecidos em pergaminhos fantasmas indicam a chegada do porto, o encontro da hora exata, a revelação dos olhos que se descobrem no brilho de outros olhos.

Mas de nada valeria escrever esta crônica, atirando ao mar numa garrafa de palavras a mensagem da descoberta, se a certeza não nos unisse como um cardume de escamas de prata.

E o essencial é saber que um coração, uma rua, uma casa, uma melodia, sempre refletirão um pouco da luz e da paz que vem de você, minha ilha, de você, meu amor.