E houve um sonho aqui sonhado
Da memória eleitoral,
E juntos fomos buscando
A trajetória do voto
Criando a democracia.
Chegamos a São Vicente
Nas naus de Martim Afonso,
Galgamos serras e abismos
E em Santo André elegemos
João Ramalho Alcaide mor
Em chãos da borda do campo.
Depois, chantamos colégio
E o colégio se fez câmara
No planalto bandeirante,
E o voto dos homens livres
Em liberdade virou.
E houve um sonho aqui sonhado
Nas terras do Brigadeiro
E Francisca Miquelina,
E houve a Bernarda trazendo
Um príncipe que voltaria
Imperador do Brasil
Sonhando a Constituição;

E quando a Constituição
Mais de um século depois
Profanou-a o ditador,
São Paulo, um só coração,
Fez-se em armas e surgiu
A glória de 32.
Sempre o voto vaticínio
Vetando vulgar violência,
Sempre o coração da Pátria
Pulsando em urnas de luz.
Houve um sonho que sonhamos
Neste templo de Justiça,
E um colar, comenda e abraço,
Na sagração desse sonho
De memória eleitoral
Que nasceu e floresceu
Em terras de Brigadeiro
Sob a bênção bem paulista
De Francisca Miquelina.

Paulo Bomfim
São Paulo, 22 de Junho de 2010